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COP29: Reflexões e estratégias para o Brasil

A COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, foi marcada por debates profundos sobre financiamento climático, mercados de carbono e transição energética. Com o maior número de participantes desde o início das conferências climáticas, o evento se destacou por sua relevância geopolítica, mas também enfrentou críticas sobre a influência de indústrias fósseis. Para o Brasil, a COP29 representou um momento estratégico para reforçar sua liderança climática, ainda que os resultados tenham ficado aquém das expectativas.

COP29

A importância das COPs


As Conferências das Partes (COPs) são encontros anuais organizados pela ONU desde 1995, com o objetivo de alinhar esforços globais no combate às mudanças climáticas. Momentos decisivos como a COP21, que resultou no Acordo de Paris, e a atual COP29, apelidada de "COP das Finanças", moldaram os caminhos para limitar o aquecimento global a 1,5°C. No entanto, dados recentes indicam que o aumento de 1,5°C pode ser inevitável, exigindo ações mais urgentes.

 

Principais resultados da COP29


Apesar de avanços importantes, como o fortalecimento do mercado de carbono e a definição de novas metas de financiamento climático, a COP29 também revelou desafios significativos:


  1. Financiamento climático

    • Os países desenvolvidos concordaram em mobilizar US$ 300 bilhões até 2035 para apoiar nações em desenvolvimento, um valor criticado por ser insuficiente diante da magnitude dos desafios climáticos.

    • O Brasil pleiteou US$ 50 bilhões para projetos de sustentabilidade, mas garantiu apenas US$ 28 bilhões, destinados principalmente a projetos de conservação florestal (REDD+*), transição energética e agricultura sustentável.


  2. Mercado de carbono

    • Avanços no Artigo 6 do Acordo de Paris foram alcançados, incluindo salvaguardas para proteger direitos humanos e ambientais. Isso fortalece mercados como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), posicionando o Brasil como um ator-chave no mercado global de carbono.


  3. Transição energética

    • A transição dos combustíveis fósseis foi novamente um tema polarizado. Apesar de esforços para reduzir a dependência do petróleo, medidas concretas ficaram ausentes do texto final.


  4. Geopolítica e resistências

    • A ausência dos Estados Unidos, liderados por Donald Trump, enfraqueceu as discussões multilaterais, enquanto quase 2 mil lobistas da indústria fóssil causaram preocupações sobre a influência de interesses contrários à descarbonização.

 

A estratégia brasileira


O Brasil apresentou uma abordagem integrada na COP29, valorizando o alinhamento entre políticas econômicas e ambientais, com foco em:

  • Conservação florestal: Garantia de US$ 10 bilhões para projetos do REDD+, fundamentais para reduzir emissões e proteger biodiversidade.

  • Mercados de carbono: Consolidação do SBCE, com foco em transparência e credibilidade.

  • Educação e engajamento: Destacou-se a importância de educar atores públicos e privados sobre práticas sustentáveis.

 

E o agronegócio?


A COP29 destacou a importância do agronegócio brasileiro no contexto das mudanças climáticas, enfatizando a necessidade de práticas sustentáveis e políticas públicas que conciliem produção agrícola e preservação ambiental. 


Participação do agronegócio brasileiro na COP29:


  • Representação significativa: O Brasil liderou em número de representantes do agronegócio na conferência, com 54 participantes, incluindo lobistas de empresas como JBS e Bayer. Essa presença expressiva gerou debates sobre a influência do setor nas negociações climáticas.

  • Posicionamento oficial: A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o Brasil pode equilibrar o desenvolvimento do agronegócio com a preservação ambiental, destacando a importância de práticas sustentáveis.


Iniciativas e Compromissos


  • Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD): O Ministério da Agricultura apresentou o PNCPD, que visa o uso sustentável de cerca de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, permitindo dobrar a área de produção de alimentos sem gerar desmatamento.

  • Uso de bioinsumos: Dados da Embrapa revelaram que 64% dos produtores brasileiros utilizam biofertilizantes e 61% usam biodefensivos, índices superiores aos de países europeus, indicando um avanço significativo em práticas agrícolas sustentáveis no país.


 

Desafios e perspectivas


  • Pressões e expectativas: A COP29 evidenciou a pressão sobre o Brasil para alinhar o agronegócio às metas climáticas mais ambiciosas, com desafios significativos como a redução do desmatamento e a implementação de práticas agrícolas de baixo carbono.


  • Futuro sustentável: A participação ativa do agronegócio brasileiro na COP29 ressalta a necessidade de políticas públicas que promovam a sustentabilidade, garantindo a segurança alimentar e a preservação ambiental.


 

A rota para a COP30 em Belém


O Brasil terá um papel central na COP30, que ocorrerá em Belém. O evento trará a oportunidade de liderar discussões sobre novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e estabelecer um novo marco de credibilidade para o multilateralismo climático. Como anfitrião, o Brasil enfrentará o desafio de resgatar a confiança no processo global e avançar em temas críticos como financiamento e transição energética.


 

Conclusão


A COP29 reafirmou a importância de estratégias ambiciosas e coordenadas para enfrentar as mudanças climáticas. O Brasil demonstrou liderança em iniciativas como o REDD+ e mercados de carbono, mas ainda precisa superar desafios na captação de recursos e implementação de projetos.


A conferência também reforçou a necessidade de o agronegócio brasileiro adotarcada vez mais práticas sustentáveis, equilibrando produção e preservação ambiental para mitigar as mudanças climáticas.


Com a COP30 no horizonte, o país tem a oportunidade de consolidar sua posição como referência global em sustentabilidade, liderando negociações para um futuro mais justo e resiliente.


 

* REDD+, que significa Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), é um programa desenvolvido sob os auspícios das Nações Unidas para combater as mudanças climáticas. Ele se concentra em reduzir emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades que causam desmatamento e degradação florestal, especialmente em países em desenvolvimento. Além disso, o REDD+ também abrange ações que promovem a conservação das florestas, o manejo sustentável e o aumento dos estoques de carbono florestal, ampliando os benefícios climáticos, sociais e econômicos.


 

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